08/12/2016

OS CARAS DE PAU DE 2016, SEGUNDO A REVISTA "ISTO É"

Diego Padgurschi /Folhapress

A revista “Isto É” realizou um evento no qual distribuiu premiações a personalidades que mais se destacaram no ano de 2016. Entre os premiados da noite, o prefeito eleito de São Paulo João Dória, faturou o prêmio de brasileiro do ano, na categoria Política. Eduardo Paes, prefeito do Rio de janeiro, ganhou na categoria Gestão e Sérgio Moro, o novo herói nacional, ganhou na categoria Justiça. O presidente Michel Temer ficou com o principal prêmio da noite. Foi eleito o brasileiro do ano. E essa não foi a piada mais engraçada da noite e nem d a semana. Semana essa que começou com mais uma manifestação de pessoas de bem contra a corrupção e em defesa do juiz Sergio Moro. Tá! 

Antes de voltar a tal premiação, permitam-me fazer um interlúdio entre um assunto e outro. Os protestos de domingo foram direcionados ao congresso nacional, e em especial ao presidente do senado Renan Calheiros e as suas tentativas de votar em regime de urgência, através de uma manobra regimental, a lei do abuso de autoridade. Renan não é da turma de Temer no PMDB e o áudio no qual o senador Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, falam em estancar a sangria da lava jato tirando a presidente Dilma do poder, não nos deixa dúvida. Machado diz que &ldqu o;a solução mais fácil era botar o Michel”, no que Jucá responde: “Só o Renan está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel’, “Porque o Michel é Eduardo Cunha’. “Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra” 


Tirar Renan Calheiros de jogada não seria nada doloroso e nem tão difícil para Michel Temer. 

Não nos esqueçamos de que ele deu uma rasteira na própria presidente. Não duvidemos de sua astúcia. A questão é que há mais coisas entre o executivo, o legislativo e o judiciário do que possa imaginar as nossas mais fantasiosas teorias. Renan balançou, mas ainda não caiu. Peitou o STF e se recusou a se afastar da presidência do senado. Resultado? Foi absolvido no Supremo. Nesse instante sou interrompido por mais um trecho do áudio da conversa entre Juc á e Machado, no qual o segundo diz: “É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional” e Jucá responde: “Com o Supremo, com tudo.” E não é que tudo está fazendo sentido? A pergunta agora é: Quem poderá nos defender se eles estão juntos contra nós?

Ainda bem que temos o Juiz Sérgio Moro, homem totalmente imparcial e empenhado em colocar na cadeia todos os corruptos do país. Brasileiro do ano na categoria Justiça. Mas, espera um pouco! Acabo de ver uma foto feita durante a premiação da Isto É. Nela estão Alckmin, Meirelles, Temer e Sérgio Moro, aos risos com Aécio Neves. Com o Aécio? O mais citado na Lava Jato? Mas se quem comanda a Lava Jato é o Moro....Não! Não é possível! 

Mas não foi para isso que batemos panelas. Não foi para isso que desfilamos pelas ruas com a camisa da CBF. Não foi para isso que tiramos o PT do poder. Ou foi? Se os manifestantes apoiadores do golpe não são mal intencionados, eles são, no mínimo, muito ingênuos. Eu penso que é um pouco de cada coisa. Afinal, quem protesta contra a corrupção não deveria apoiar um governo corrupto e ilegítimo. Por que não se ouviu nenhum “Fora, Temer” na última manifestação? 

O governo de Michel Temer está destruindo o país de forma covarde e arrasadora. A ponte para o futuro foi construída para que o pobre a atravesse carregando os ricos nas costas e ao final do trajeto, ele seja jogado no rio sem a menor piedade. Os projetos do governo Temer são remakes da política escravocrata que dizimou milhares de vidas, escravizando e promovendo a desigualdade e a injustiça social. Temer e sua camorra são covardes, podres, maquiavélicos, nefastos. Defendem os interesses do empresariado e do capital estrangeiro, em detrimento dos direitos básicos do povo. A PEC 241 e o pro jeto de reforma previdenciária evidenciam o que eles querem para o povo brasileiro. Congelamento dos investimentos em saúde e educação por 20 anos, perda do aumento real no salário mínimo, aposentadoria integral somente após 49 anos de contribuição. Tudo isso é covarde demais e não pode passar sem que o povo demonstre de forma contundente a sua insatisfação. 

Não é hora de manifestar pacificamente, o momento é diferente. O que se pretende é escravizar os menos favorecidos. O que se deseja é que o cidadão se torne servo do estado, numa espécie de totalitarismo moderno, onde falsos benefícios serão oferecidos a quem se empenhar mais. O governo Temer e boa parte de nossa clássica política enxerga o povo como uma legião de asnos e antas, incapazes de raciocinar e de perceber que estamos sendo prejudicados. Toda reforma que se propõe tem como objetivo fazer com que o povo pague a conta. Para os políticos, os seus sa lários e benefícios são sagrados e intocáveis. 

Eles se aposentam após o segundo mandato, ou seja, oito anos de contribuição é o suficiente para eles.  Eles parecem não serem regidos pela mesma constituição que nós, simples mortais. É revoltante. É preciso subir o tom dos protestos. Estamos sendo levados ao matadouro e observando passivamente o algoz nos destruir. Esse governo usurpador não pode ter trégua.

Ainda sobre a premiação, eu acho que a Michel Temer deveria ter sido oferecido o prêmio de brasileiro do ano na categoria Golpe, a Sérgio Moro na categoria Farsa e a Aécio Neves na categoria Mal perdedor. Aécio e Moro ficaram bem na foto e muito mal na fita. A credibilidade da Lava Jato está em xeque e o destino da corrupção está em jogo. A julgar pelos últimos acontecimentos, tenho certeza que ela também será premiada. 

E o Tucano de ouro vai para....

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